Um primeiro papel representado pelo agente é o simbólico. Ou seja, minha identidade como agente de Pastoral despertará nele dois tipos de emoções: positivas ou negativas. Tudo isso depende das experiências passadas. Por exemplo: se alguma vez eu sofri muito ao fazer um tratamento dentário, sempre que eu encontrar um dentista terei uma reação um tanto quanto "negativa".
Positiva: caso o doente já tenha vivido uma experiência muito boa de Igreja e de comunidade, é lógico que minha presença despertará nele emoções muito positivas, tais como: "Que bom que você veio. Você me faz lembrar de Deus. Sinto que Deus está ao meu lado, tenho muita fé" etc.
Negativa: olha, estou com muita raiva de Deus e da Igreja. Acho que é melhor não perder seu tempo comigo. Eu até acredito em Deus, mas não acredito nem participo da Igreja (8).
Conversando com a pessoa, descobriremos quais são as emoções presentes nesse contexto- Caso a reação seja positiva, nossa tarefa será facilitada. Porém, se as emoções forem negativas, o que deveremos fazer? Dizer "até amanhã", virar as costas e sair? Ignorar suas emoções, ou ficar na defensiva e omissos?
Nem uma coisa nem outra. A melhor coisa é dar ouvido a suas queixas. Só depois tentar colocar algo novo. Por exemplo, fazendo-o entender que talvez tenha sido uma experiência ruim. Porém, isso não significa que Iodos são assim. Não é porque alguém construiu um prédio torto que todos os engenheiros não prestam. Assim, não é porque você teve uma experiência ruim de Igreja no passado que todos os outros membros são ruins. Nossa presença poderá fazer o doente mudar sua maneira de pensar.
Portanto, ao defrontar com situações semelhantes, você não deve se aborrecer. Não é você o culpado por tais reações.
O segundo papel representado pelo agente é o de confortador. Neste papel, duas características são muito importantes: a primeira é a habilidade de escutar. Escutar não somente o que o doente fala, mas também o que ele não diz com palavras. Ouvir os medos, as angústias, dores, sofrimentos, esperanças, desapontamentos e também as alegrias. Isso porque ser ouvido por alguém é sentir-se importante. Ninguém ouve de fato aquilo que não interessa.
A segunda é a habilidade de tornar-se irmão do doente. Ou seja, relacionar-se com as pessoas na situação em que elas se encontram. Sem se preocupar em fixar as necessidades das pessoas. Por isso, muitas vezes não devemos fixar as necessidades religiosas. Talvez seja oportuno partilhar primeiramente as necessidades humanas do doente (9).
O terceiro papel é o do orientador espiritual. O agente devera ter habilidade para perceber como a pessoa está encarando a própria doença. Seu modo de relacionar-se com a doença de uma certa maneira refletirá sua maneira de relacionar-se com Deus.
E, por outro lado, suas reações a Deus serão de acordo com a doença. Portanto, a visão que ele tem de Deus poderá ser passageira. Por isso, como orientador espiritual, o agente não deverá se comportar como um advogado" de Deus. Não deverá se preocupar em dar apenas soluções ou orientações espirituais para o doente.
O quarto papel é o de facilitador. Nos dias atuais, este talvez seja um papel mais importante a ser desenvolvido pelo agente da Pastoral da Saúde. Nos hospitais encontramos as pessoas nos momentos difíceis da vida. Costumo dizer que no hospital temos de cuidar exatamente daquilo que não deu certo na vida: acidente que aconteceu durante o passeio, exagero na bebida que acabou provocando acidente ou doenças que tiram as pessoas do trabalho, e assim por diante.
Portanto, os que se prontificam a fazer esse trabalho, além de prestar um serviço de caráter voluntário que em geral começa como curiosidade e depois passa a ser um apostolado, vindo a se tomar um compromisso, deve comungar com a filosofia de trabalho já existente e contribuir com algo que possa ser válido para o grupo dos agentes, familiares, profissionais e principalmente para os doentes que estão passando pelo hospital.